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Setor está atento aos custos de produção, alta oferta de produtos no mercado internacional e possíveis variações do câmbio

As indústrias de produtos de madeira se preparam para um ano de monitoramento dos acontecimentos nos campos político e econômico. Isso porque, apesar do crescimento do volume exportado em 2017, o faturamento ainda continua abaixo das expectativas. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), José Carlos Januário, muitas empresas estão operando com resultados inferiores ao planejado e temem encontrar um cenário menos favorável em 2018 para as exportações por conta do reflexo no câmbio a partir da disputa eleitoral e do andamento das reformas.

“Vários segmentos de produtos registraram aumentos significativos no volume exportado em 2017 comparado com o ano anterior, mostrando sequência na recuperação das exportações brasileiras de madeira, mas novamente a história se repete, e o cenário atual é muito parecido com o início do ano passado, que mesmo com aumento do volume físico exportado no ano, o resultado financeiro foi menor. As preocupações das empresas também estão parecidas com o período anterior, com os aumentos dos custos de produção e a oferta versus demanda do mercado externo”, avalia Januário.

O principal item na pauta de exportação brasileira de produtos de madeira, o compensado de pinus, aumentou 19% em relação ao volume embarcado em 2016. A média mensal dos embarques foi de 171.681 m³, o que significa um volume extra de aproximadamente 27 mil m³ por mês exportado pelo Brasil, quando comparado ao ano anterior.

“Os números mostram a tendência dos últimos anos de incremento e recuperação do volume exportado de compensado de pinus pelo Brasil. Vale lembrar, no entanto, que uma parte significativa desse volume migrou do mercado interno, que ainda permanece desaquecido”, afirma o presidente da Abimci. Entre os principais destinos desse produto em 2017 aparecem Estados Unidos, com mais de 30%, Reino Unido, com 13% e Alemanha 8%.

Um dos segmentos que procurou apostar em uma abordagem comercial focada em ampliar a carteira de clientes e colocar no mercado produtos com maior valor agregado foi o de madeira serrada de pinus. Com aproximadamente 60 países de destino do produto, o aumento de 16% nas vendas internacionais em 2017 em relação ao ano anterior reflete o trabalho realizado pelas empresas. Os principais destinos foram os Estados Unidos com 34%, seguido de México, 21% e China, 14%. Nesse grupo da madeira serrada estão as exportações de molduras, que têm como principal destino os Estados Unidos. No entanto, esse segmento se manteve estável e praticamente repetiu o volume do ano anterior nas exportações.

Os produtores de pisos mantiveram os embarques de 2016. O principal destino foi Estados Unidos (66%), com uma alteração no segundo lugar. O produto conquistou maior participação na França, passando de 6% para 10%, e a Espanha apareceu entre os cinco principais compradores com 3%.

Já o volume de portas exportado cresceu 12 % em relação a 2016, mantendo o nível percentual de recuperação das exportações ocorrido nos últimos anos. Sendo o principal destino os Estados Unidos, com 71%.

Exportações aquém do potencial

Alguns segmentos de produtos registraram em 2017 um aumento significativo nas exportações, mas em cima de uma base baixa, longe dos patamares de anos atrás. É o caso das lâminas de pinus, que viu crescer em mais de 40% os embarques. Os principais destinos foram Malásia, 45%, Coréia do Sul, 25% e China 11%.

Entre os produtos com grande potencial, mas ainda sem resultados expressivos no comércio internacional aparecem o compensado tropical, que totalizou 61.875 m³ exportados em 2017, praticamente repetindo o cenário do ano anterior. O principal destino continua sendo a Argentina, que aumentou a participação, passando de 25% para quase 45% do total exportado desse produto pelo Brasil.

Ainda entre os produtos de madeira tropical, a madeira serrada embarcou 473mil m³ em 2017, mantendo crescimento ocorrido nos últimos anos, mas ainda distante do mais de 1 milhão de m³ exportados pelo país na década passada.

As lâminas de madeira tropical também permanecem abaixo das expectativas de vendas. O volume exportado foi de 12 mil m³, com foco nos mercados norte-americano (37%) e da Malásia (22%).